Thursday, May 26, 2005

Epígrafo e divagações sobre o Jogo

Na ronda diária pelos blogs encontrei uma frase que me fez pensar e me atraiu muito:
“O jogo é o espelho da vida e o suporte da aprendizagem” (Froebel)


E uma outra:
Não deixamos de jogar porque ficamos velhos. Ficamos velhos porque deixamos de jogar.


Fez me pensar, porque sou programadora de jogos para crianças há 5 anos.
O que é um jogo? Apenas uma actividade que envolve um ou vários participantes, ou é uma forma de viver? Penso que o nosso sucesso na vida, a nossa capacidade de aprender e de se relacionar com as pessoas está directamente relacionada com a nossa capacidade de jogar. Para mim um jogo é uma forma de viver e de relacionar-se com o mundo que me rodeia. Objectivo do jogo? Criar a minha volta uma área que fará com que todos que lá entrem ficam mais sorridentes. As vezes já não distingo a margem entre a brincadeira e seriedade, acabo por brincar com tudo, mesmo com as coisas que a partida não deixam margem para brincadeira. Também é uma forma de jogar. Jogar com o pessimismo, realidade, seriedade... As vezes envolvo me tanto no jogo que perco a noção de fronteira entre a brincadeira e realidade, será mau? Gozo com as minhas falhas para impedir os outros gozarem com elas. Neste caso o jogo torna-se uma arma de defesa. Tudo que fazemos na vida faz parte de um jogo, torna-lo interessante ou monótono está nas mãos de quem joga.

Agora transformar este pensamento no objectivo do dia a dia: a tese....

O que vou fazer ensinará crianças criar os jogos de robôs e joga-los. Quanto mais cedo aprendermos jogar, melhor se desenvolverão as nossas capacidades cognitivas. Há crianças que passam horas a jogar com um lenço ou uma roda criando um mundo imáginário na sua cabeça e transformando o objecto com que jogam num Ser com inteligencia e alma. Mas há outros casos quando brinquedos sofisticados não criam nenhuma associação na criança e transformam-se apenas num objecto de desejo, que uma vez adquirido fica abandonado num canto escuro do quarto... Qual é a característica que transforma um brinquedo numa arma de acção contínua e cativa a criança continuar a explora-la? Será a possibilidade de criar diversas configurações? Parametrizar, adaptar aos seus gostos? Neste caso, consigo satisfazer este objectivo com a criação de robos que serão aquilo que a criança quer de acordo com o estado de espírito dela, serão um brinquedo sempre diferente, mas terá uma coisa que poucos (ou nenhuns) brinquedos oferecem: depois de programa-lo terá comportamentos inesperados de acordo com a "personalidade" do robo! Sim, o robo terá uma personalidade, que embora configurável pela criança, será um conjunto de comportamentos as vezes difíceis de prever e sempre diferentes, que reagirá aos estímulos exteriores de uma forma adequada como se de uma pessoa se tratasse.

Só receio que a criação de um amigo artificial não cative a criança isolar-se do mundo na companhia dele. Daí as capacidades colaborativas: criar vários robos que terão cada um a sua personalidade e poderão agir em conjunto é um desafio que permite a criança jogar com outras crianças e analisar comportamentos e reacções resultantes de determinados traços de caracter de robo, o que será uma amostra de comportamentos no mundo real...

Claro que será preciso fazer um trabalho titánico em juntar uma base de dados em todos os comportamentos e associa-los as acções de input e output, mas penso que aí a minha visão matemática estrutural irá ajudar-me analisar e rotular as variáveis.

1 Comments:

Anonymous Anonymous said...

Adoro sempre os teus posts... acho-os muito curiosos e sugestivos...
Atraiem a minha atenção por me fazerem pensar por vezes em assuntos/temas que não me ocorreram ainda.

Espero que os teus posts continuem assim com o mesmo nível de interesse, que suscita a minha curiosidade em espreitar e ver o que escreveste de novo.

Drica

26/5/05 21:16  

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