As vezes fico com raiva das coisas que saem do meu controlo... Das expectativas, razão para as quais não sei de onde tirei. Das opiniões que para mim são tão obvias e para os outros não fazem sentido. Dos prazos, que eu própria imponho e depois não consigo cumprir. Dos filmes, que eu invento e depois corre tudo ao contrário e eu sinto me vazia e enganada, enganada pela minha própria imaginação que me virou tudo de avesso. Sinto que o chão me foge dos pés e apetece chorar. Sim, chorar é uma boa solução para resolver muitos problemas, sentimo-nos coitadinhos, já que ninguem tem pena de nós, vamos lá nós a ter pena de nós próprios e depois as coisas até parece que ficam menos complicadas (só parecem, mas quando o problema é a nossa própria imaginação, até ajuda muito). O mesmo efeito dá a possibilidade de dar um berro com toda a força que há. Quando era pequena, dava um berro enquando aspirava o chão a pensar que assim ninguem ouve. Depois, quando comecei a estudar canto, o berro foi ficando cada vez mais forte ao ponto de já não ser possível dar um berro em casa. Neste momento os sítios para dar o berro são: praia deserta no inverno (quando não há mesmo ninguem lá e o mar faz o barulho suficiente para eu poder berrar a vontade) e o carro, mas aí o meu berro tem a forma de uma ária (normalmente de Aida, a de Ritorna Vincitor, ou de Tosca, a Vissi d'arte, vissi d'amore...).
E as vezes nem o berro nem lagrimas, apenas uma apatia que se apodera de nós fazendo nos sentir incapazes de fazer algo de jeito, mas isto é um estado bastante raro.
E sim... apetece me dar um berro, porque tenho que terminar o programa, lançar o jogo, vou dar formação logo e só vou para casa as 11 da noite, a tese está parada, porque não consigo correr o programa do agente no simulador, e só corre já compilado, e ainda não percebo nada de Delphi. Não tenho paciência em voltar a pegar nos artigos. Só terei tempo para ir a piscina no sabado. Sinto me burra e incapaz de avançar no que quer que seja.
O pior que nós pode acontecer é falharmos as nossas próprias expectativas...
AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA