Monday, April 03, 2006

O efeito do halo...

A fragil fronteira entre a realidade e o que nós achamos dela pode durar anos, e nunca quebrar. É preciso uma força maior para nós fazer afastar a cortina das nossas ilusões e VER. Não é ver aquilo que queremos ver, mas ver o que está acontecer realmente.

Tal como as pessoas que idealizamos... As vezes queremos tanto ver algumas pessoas perfeitas, que criamos o halo delas! Eu vivi meses, não, anos(!), acreditando no halo que eu própria criei a volta de certas pessoas com quem tinha que conviver diariamente. O halo este que incluia valores sólidos, cumprimento de normas morais, confiança, inteligencia e autenticidade.

Não foi num dia que este halo foi destruido... primeiro foi a confiança, e esta foi a mais dolorosa de todas as destruições... Eu ainda lutei para manter a cortina da ilusão a frente dos olhos, e senti o esforço do lado oposto para me fazerem ver que ainda posso confiar, mas não... Quando não existe, e uma vez instalada a dúvida, nada podemos fazer para recriar a cortina da ilusão...

Depois da confiança foi a mentalidade... Eu, de repente, percebi que todas as falhas que senti ao longo dos tempos e que desculpei, não eram falhas ao acaso, apenas se deviam a uma falta de flexibilidade mental e capacidade de adaptação e aceitação de novos desafios tão grande, que nada a podia corrigir! E quando percebi isto, foi fácil perceber todo o resto... tal como a falta de autenticidade, de respeito pelo próximo, de inteligencia, de dignidade... E isto tudo, unido a um desejo de fazer os outros acreditarem que somos melhores que aquilo que somos realmente, cria ainda mais limitações e bloqueia o cerebro. Mentalmente cegos e convencidos da sua grandeza, as pessoas não são capazes de evoluir... E eu criei um halo e idealisei estas pessoas...

É claro que em grande parte a falha logo a partida foi minha, era me mais fácil viver iludida e mesmo que no subconsciente achava certas coisas absurdas, continuava aceita-las e desculpa-las. Algumas não deviam ter sido desculpadas, porque feriam-me profundamente, mas eu, as vezes chorando, continuava a inventar desculpas estúpidas, só para não abalar este castelo ilusório que eu própria criei... Agora posso dizer: vivi este tempo todo em Realidade Virtual. É o nome mais correcto que se lhe pode chamar.

Houve coisas que aprendi, outras que talvez volte a errar... houve feridas que vão ser difíceis de sarar, houve danos permanentes... Dizer que para próxima não volto encarar as pessoas com coração aberto? Seria mentira... eu não sei fingir. Quando gosto de alguem, entrego o meu coração todo, não sei dar uma parte agora, outra amanha, depois não dar nada, depois fazer um jogo político e negociar... Quando descubro que confiei na pessoa errada, ou choro, ou luto. Já chorei demais, agora vou lutar...

4 Comments:

Blogger Rubia said...

bem... isto se n é destino... hoje volti da formação de formadores. e FALAMOS DO EFEITO DO HALO!!!... do preconceito então...
pois é: temos sp de olhar com olhos de ver...
bjitos e coragem

4/4/06 00:28  
Anonymous Anonymous said...

Escreves realmente com o coração: estás a passar por um processo de luto que embora seja doloroso é necessário para que sigas em frente. E continua a escrever: é um bom substituto de um divã com alguém por trás a tentar fazer com que nós refleictamos sobre a nossa forma de lidar com o mundo e com os outros :. Parece-me que tu não precisas disso: tens uma capacidade de instrospecção e reflexão muito boa e isso permite-te reflectir sobre tudo o que te aconteceu, fazer o luto da tua perda e seguires em frente. Isso não quer dizer que não precises de ajuda... por isso já sabes que podes contar com um ombro amigo ;)

4/4/06 10:12  
Anonymous Anonymous said...

Olá Dasha.

Cada um ao longo do seu curto tempo nesta vida, atravessa momentos de insegurança, de desilusão, de desconfiança, de... de... e de... ou seja de crise.
É claro, pelas conversas que temos travado no MSN, acredito que neste momento estás nessa fase, mas...
- A insegurança pode ser o momento em que se constroem novas certezas.
- A desilusão pode ser o momento em que se arruma a alma, se ordenam os sentimentos e se criam novas esperanças.
- A desconfiança pode ser o ponto onde separamos as águas e escolhemos uma nova fatia de amigos cortando o bolo junto à fatia onde estão os outros (vê lá se me deixas na fatia certa pá :D).
- ...
- ...

Em suma, a crise, é o momento que leva as pessoas a evoluir. É o ponto onde deixamos de seguir a senda da mediocridade! Não fosse a crise, ainda hoje estavamos na barriguinha das nossas mãmãs, no quentinho, na ignorância, no conforto, ... na mediocridade!

Não digo com isto que é bom que te tenha acontecido algo de mal, como o que te aconteceu "no mundo dos nós de enforcado ingleses " (não desejo isso a ninguém...). Digo apenas que "ainda bem que aconteceu agora e não mais tarde", pois pelos vistos só te estavas a perder por lá a cada minuto que lhes ofereceste e que desperdiçaram...

Quanto ao halo, uma vez visualizado e moldado pelo tempo à medida dos respectivos donos, transforma-se na aura de cada um (se é que entendi o que querias dizer). E a dos que te rodeavam, é seguramente uma aura um bocadinho para o escurita!

Haverá certamente pessoas com outras auras, algumas seguramente piores, sem dúvida, mas...

Valerá a pena olhar para o mundo usando como lente, o exemplo que conhecemos do que mais detestamos e repudiamos?
Valerá mudar os nossos valores, a nossa personalidade só para nos ajustarmos ao que mais nos afronta???

A meu ver não. A meu ver, ainda bem que continuas a dar o coração a quem o quiseres dar, até encontrares alguém o saiba receber. Dasha, as pessoas podem ser o que quiserem, nem por isso tens de ser o que elas querem. Ficarei muito contente se te puder continuar a encontrar como és (ainda que possas melhorar o protocolo verbal pois há vezes em que me apetece apertar-te o pescoço, bater-te nas canelas,... tudo isso, claro, com carinho :D)...

Evoluir para mim é diferente de mudar a personalidade. Já agora quanto a mim, esta não se muda, constroi-se aos poucos. Por isso nada mais normal que esta experência (:P e que raio de experiência) venha contribuir para a edificação de mais um bocadinho dessa tua personalidade. Só espero que não seja um contributo muito grande :D :D :D :D.
--//--
Bem, se calhar fugi um pouco ao tema do Halo :$ ... mas não queria deixar de sublinhar que os problemas, assim como as pessoas, tem a importância que lhes damos.
Resumindo, se quiseres a minha opinião, chuta para a frente, tira lá essas coisas deprimentes do que te aconteceu, do dia a dia dos teus pensamentos, e enche-os antes com outras que valha mesmo a pena.
"Eles" (os que acima baptizei) de certeza que não vão gastar um minuto do tempo deles a pensar em ti, e se o fizerem, não será para o teu bem...

Bem, sei que não pediste a minha opinião, mas que queres? Não acabei de dizer que não temos necessariamente que ser/fazer o que os outros querem? :D...
Por isso, e já agora, quando te der para mastigar, em pensamento, outra vez o mesmo assunto, como sugestão, experimenta sentar-te no chão e fazer vinte abdominais seguidos. Repararás como a depressão te passará instantaneamente, o que só poderá fazer bem ao teu sorriso. Depois, ainda por cima, depressa ficarás uma brasa, o que só pode fazer ainda melhor! ;)
-- // --
Bolas... quando começo a comentar nunca mais paro...
Não sei quem inventou esta janelinha (onde escrevo), pois parece estar sempre a abrir mais e mais linhas a pedir mais e mais... como se concordasse com tudo o que escrevo... Estará possuída? Estará embuída de consciência artificial???
Pelo sim, pelo não, termino aqui.

Beijinhos e até outra oportunidade.

7/4/06 23:29  
Anonymous Anonymous said...

nossa isso é muito proveitosso para que nós fiquemos sabendo que não podemos julgar antes de conhecer.

13/11/09 11:44  

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